Singramos o tempo em uma busca infindável por um sentido único que defina tudo ao nosso redor. Desde o que está diretamente ao alcance dos nossos olhos ao que apenas vemos com uma intermediária ferramenta: a vasta imensidão do universo e o também infinito mundo de relações subatômicas.
Ao tirarmos conclusões sobre uma determinada questão para assim prosseguirmos em frente, acabamos presos, como uma mosca, em uma teia cotidiana de conceitos entrelaçados da qual não há saída, pois a dúvida a qual tivemos impressão de ter resolvido, se tornará mandatária de um novo plano de viagem intelectual incerto. Seguindo neste ritual imaginamos voar livremente sem grudarmos nos fios de uma aranha que está apenas a espreita de nosso cansaço mental para nos conduzir como seu alimento nessa armadilha ideológica, onde sordidamente fica nos aguardando.
Não há outra coisa a não ser teias nesta caverna chamada vida, e mover-se, necessariamente, é impor suas necessidades biológicas sobre o mundo físico.
Esta busca não passa de uma miragem fantástica que se encerra ao descobrirmos que a fome faz doer no estômago, que um dia morreremos e que mesmo não matando nenhum animal, mataremos uma planta, tão viva quanto nós, para eliminarmos nossa fome.
Inventarmos respostas temporárias para estas dúvidas insolúveis em vista de relaxarmos dessa angústia inesgotável é aceitável, mas transmutá-los em única saída é criarmos um produto ideológico nada inovador para que se imponha aos outros. Este é o ato mais sórdido que se vê por aí em diversas formas alternativas: religiões, leis, manifestações artísticas, partidos políticos, padrões de consumo, etc... Sempre com lucro sobre o desespero alheio.
Admitirmos nossa condição é sermos livre para nos prendermos ao que quisermos, pelo tempo que quisermos, não as custa da inocência dos outros, e sim, mútua prisão voluntária. Não mentir, ou seja, não fabricarmos uma verdade, um sentido, é um bom começo para revermos como conduzimos nossas vidas e iniciarmos as mudanças que tanto queremos ver na prática.
Nada de cosmos. Viva o caos.
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