A Vida de um Sabotador

Ao pensar um sentido para a vida, levo-me sempre a optar por continuar em eterna dúvida. Talvez por isso:

Para sobreviver precisamos nos alimentar.
Comer é uma necessidade real e por enquanto precisamos absorver energia através do sistema digestivo e defecar o que não nos serviu...não é verdade?

Verdade sim, mas apenas temporária, nunca absoluta.

Quer uma prova da temporariedade dessa verdade? A forma do ser humano absorver energia pode se alterar de acordo com sua adaptação ao meio em que vive. Absorver luz pela pele, sei lá. Mas, mesmo assim, demoraria o suficiente para que esse texto em mídia eletrônica seja algo como inscrições na pedra.

Absoluta ou não, comer agora se faz verdade. Tente parar de comer 1 ano e teste sua capacidade de absorver luz. Se sobreviver, acredito que a comida seja algo irrelevante.

Darwin vislumbrou essas mutações adaptativas. Porém, ao contrário dos que acreditam que essas adaptações são criadas pela necessidade, estas já existem. Estão esperando o início das mudanças.

Um exemplo disso é um grupo familiar de humanos na América Central, não lembro exatamente o país, que são cobertos de pêlos por todo o corpo, como lobos.
Exatamente aí que se encaixa a adaptação pré-existente. Eles podem ser os únicos adaptados ao meio ambiente futuro.
Quem sabe não seremos uma humanidade de peludos? Ou totalmente sem pelo? Só o tempo dirá.


A questão é que nos enganamos ao balizar nossas concepções ao tempo médio de vida de um ser humano. Isso é uma miopia temporal grave. Praticamente uma cegueira irreversível.

Estrelas nascem e morrem, planetas surgem e desaparecem.... Tudo tem seu tempo de vida útil. Por isso, o tempo de vida é relativo. A lua já foi “vista” por muitos seres vivos antes de existir um homem sobre o solo terrestre.

A quantidade de calendários, invensão humana, que existiram e ainda existem na terra são muitos. Realmente estamos no ano 2.008 (ocidental), no ano 5.769 (judaico) ou 1.429 (árabe)? Cada cultura conta o seu tempo da forma que considera correta. Qual a melhor delas? Outras verdades nada absolutas....

Uma prova disso será o ser humano sair da terra e avançar sobre o espaço sideral. Teremos que reformular nossa contagem do tempo, ou será que nosso calendário servirá para além do limite do sistema solar terráqueo?

Teremos que ser regidos por uma nova contagem. Uma contagem universal!

Alongando nossa abstração, se considerarmos que esse “bios” chamado homem perdurar por alguns bilhões de anos, se infestar pelos quatro cantos do espaço existente, talvez em forma de humanos altamente adulterados em uma outra espécie, e descobrirmos que existem nessa ordem:

Quarto, Casa, Rua, Quarteirão, Bairro, Cidade, Estado, País, Continente, Planeta, Sistema solar, Constelação, Galáxia e .........UNIVERSOS.

Diga-me, qual universo você mora?
Sabe a localização dele?
Um dia poderemos descobrir que outra forma de bios chamava nosso universo de iitrr534535rwe23423. (Eu também não entendi muito bem, mas transcrevendo para nossa língua é isso aí!)

Vários universos são um? ...........
Eu vou chamar esse possível conjunto de universos de KATRONSC. Eu dou esse nome, você pode dar o nome que quiser.
Agora, e se acharmos algo além do KATRONSC?
Um conjunto de KATRONSC será chamado de .....
Dê o nome agora ou seu descendente poderá o fazer por você!!!!

Mas e por falar em você..... (Faça uma pausa e Respire.....)

Se o tempo, o espaço, as verdades, coisas tão absolutas, se tornam relativas, o que falar sobre o sentido da vida?

Creio que a vida biológica, esse papo de Reino, Filo, Classe, Ordem, Família, Gênero e Espécie caducou faz tempo....

Não podemos determinar onde começa, nem onde termina o conceito de vida, ou seja, o que determina o que é um ser vivo. Além do conceito da "vida estritamente biológica" existe algo maior.

Um dia, partículas infinitamente pequenas, se uniram e formaram um átomo. Em outro determinado momento do tempo, vários átomos se reuniram e formaram uma molécula, que em um determinado momento formaram...... Bem, podemos ir para trás ou para frente nesta história.

Interessa é que esse fluxo um dia deu condição para que existíssemos.

Para essa condição criativa desconhecida, os mais afoitos dirão que é o deus de sua religião e os mais céticos que os cientistas não sabem, mas provavelmente alguma lei futura poderá determinar. Porém, dentro dessas possibilidades divinas e/ou racionais, prefiro não chutar o que é.
Vale é saber que além da vida biológica, existe a vida atômica, a vida molecular, a vida cosmológica, etc...

Nossos sentidos não são capazes de conceber todas as informações a que somos bombardeados em um único instante. Outros animais possuem até sentidos além dos 5 que possuímos. Como podemos ousar que nossa razão seja capaz de conceber uma verdade absoluta? Ao longo da existência, uma perdiz se mutará em pardal.

O que define a palavra vida é interação. Mutação. Surgir e desaparecer. Um “tempo” e um “espaço” singular. Seja da forma que se demonstre ou que se perceba. Seja na mesma forma que temos ou em formas que nem conhecemos ainda.

Para um Sabotador do Cotidiano isso é vida!

O resto é chute!!!!!!!

Caos

Merda que tanto como. Merda!
Circo de mitos forjados nas trevas
Em seus olhos só areia
Areia. Não mais a terra

Conto pra mim calado
Isolado pela geometria ocidental:
Colunas erguem escravos
Refundam o natural

Quebra essa porra de rotina
Quebra a linha horizontal
E
N Temporal
C vil
E esse
R exponha
R
E
O que te alucina

Reconheça todo COSMOS
!!!reviva-seemcompletoCAOS

Ansiosa Conduta

Sigo vivendo torto
Bebendo e fumando
Achando, criticando e querendo
Odiando odiar

Esquecendo, pensando, lembrando
Gritando calado
Correndo, coçando, tirando meleca
Sofrendo Sorrindo

Gozando
Respirando
Seguindo um lado
Esperando por vocês

Escrita Terrorista

Queria pegar aquela estrada
E nunca mais voltar

Queria voltar a ser feto
E me abortar

Ser o único sobrevivente
A vítima
A bomba
vivendo o desespero latente

A pulga
Que suga até a morte
Esse mundo cão


Ciborg do Burgo

Não existe nada capaz de resolver meu problema

Não é falta de sorte!
Nem desejo de morte...
Simplesmente queria mais:

12 cérebros
33 olhos
45 orelhas
240 bocas
1 milhão de clones

Ainda assim creio não conseguir alcançar-me.
Estou muito longe...
Longe suficiente para sofrer de angústia
Estou cheio dela

Tantas foram as coisas que quis
Tantas foram as que tive
Mal acostumei!

Buraco Negro

Trilhões de sub-partículas
Partindo de você
Em qualquer direção

Flajelo solitário
De um idealismo nada prático

Meu big bang
Em prol de nenhuma imagem


Se sou Estrela

Sedimentos de poeira

Sou originado das escuras
Mas brilho, mesmo que somente aos meus olhos

Pensamento Nu

Vou lhe contar um segredo
Não tenha fé, nem razão
Na caverna junto a Platão
Mate quem criou Adão

Capitalismo é vida banal
Inca também foi feudal
Raios ao para-normal
Quera um retorno animal

Destrua toda muralha
Ao estalar da biriba
Detone suas idéias
Deixo-se só de virilha

O tempo concreto de outrora
Espaço multiverso de agora
Tudo é irreal!
Nada, um ponto final

Convite Reverso

Porque não quer tu
Fazer de tatu
Cavar um buraco
Ir pro mato de través

Vai logo
Deixa aqui, tudo mais
Volta a tornar-se povo verde
Mas vem demais

Cadê o pé de feijão da janela de trás?
Os pés nas trilhas
Nestas avenidas de grama

Aqui é tempo incapaz
Sai tudo trocado
Pensamento truncado
Onda que não se vê

Partida de Futebol


O Juiz apita o começo da partida.

Afinal, Praxis ou Idéias?


A ciência e a filosofia duelando por sua atenção.


Pense ambas como os postes verticais de um gol imaginário que nunca conseguiremos juntar devido ao travessão, o imenso poste horizontal que as separam.

Uma forma de nos livrarmos do embate e pacificar as idéias é rapidamente nos dirigirmos a linha de fundo do campo, pois assim não veremos o travessão, mas veremos apenas um poste e estaremos optando por uma verdade temporária ou dúvida absoluta.

Podemos por um instante acreditar em misturar as duas e o travessão, por um outro ângulo, achando assim que estamos na marca do pênalti, com bola e sem goleiro, a ponto de marcamos um golaço em nossas dúvidas eternas. 

A possibilidade da resposta de cada pergunta sem resposta e escritas em letras garrafais!!!!

Dependendo da distância que me fazia daquele gol abstrato, via que cada letra de cada frase eram grafadas como a redação de uma outra frase. A cada passo para dentro de uma letra da antiga frase, mais outra frase.


Passa o tempo e você descobre que foi tudo um orgasmo intelectual, pois nossa mente sempre nos deixa achar que achamos uma verdade, e esse mesmo velho tempo passa, e descobrimos com o próprio tempo, algo além.


Sem olhar pelo todo, estaremos perdidos, assim como perdidos estaremos vagando atrás da infinidade das partes.  

Mas transcreverei o que estava grafado no travessão quando estive na marca do pênalti: 

"A sua vida é como a trajetória que uma bola faz da marca do pênalti até a linha de fundo.
Escolha  a sua trajetória: 
Mesmo com o goleiro pra atrapalhar, pode ser gol!
Pode ceder o escanteio se achar mais seguro.
Mas sem duvida, depois da linha de fundo, ficarás de olhos fechados!"


Discurso de Espelho

Hoje esperamos tudo, não vamos mais atrás.
Vamos sim, ao mercado, mas não sabemos mais de onde vem abacates ou cebolas. Compramos lasanhas feitas com o carinho supremo de uma máquina.

Pare de atribuir conceitos sobre essas coisas
Pare o tempo
Acerte a balança
Tão pesada para o lado racional.

Queira uma companhia, um bom papo, um beijo na boca, fazer sexo e amor, pensar, se isolar, trabalhar, ter utensílios, inimigos e erros.
Sem receio de nada.
Simplesmente querer e deixar de querer.

Existem regras estabelecidas em volta de tudo.
Não tente dizer nada sobre elas.
Não sabemos do dinheiro, do comunismo, da religião, do ócio.
Imaginamos achar apenas a saída.

Se quer ir,
Nada impede, apenas vá!
Para viver precisa apenas de água,comida e no frio um agasalho.

Me compreenda se não for aquilo que queria que fosse.
Queria escrever e escrevi.
Diga apenas para si se foi muito ou pouco.
Estava simplesmente imaginando ser o médico a te livrar desse hospício.

Manifesto da Dúvida

De que vale crer?
De que vale ter?
De que vale ser?
Basta-me a dúvida!

Quem disse que o certo é certo?
Um erro leva para uma experiência nova.
Ou acha que é o que você, ou qualquer outra coisa, acha que é?

Nunca somos,
Sempre fomos
Sempre Seremos.
Eterna disputa entre lados que nunca irão se encontrar.

És simplesmente uma ação da natureza a sua volta.
No campo ou na cidade.
Veja a beleza do tudo e do nada.
A razoável mentira de sempre.
E sinta sua mente trabalhando pra criar realidades.

Aliás, quem sou?
Meu time de futebol?
Minha camisa?
Um corte de cabelo?
Amigos?
Vontades?
Frustações?
Tudo?
Todos?
Ninguém?
Nada?

Apenas um mutante dentro do devir desse cosmos de avenidas pavimentadas de neurônios por onde cogitam meus pensamentos.

Cabeça Ativa

Planto silêncio
Constante semear
desleixar regras
Idéias formar

Pensador por natureza
Desprezo o concretizarFértil de Dúvidas
Querer pensar e repensar

Criar criaturas
Fartas de lizura
Sem intermédioPura fissura

Lembrar de decisões
Pra nunca acatar:
Enquanto birita

Durante a fumaça
Ao longo da transa

Contra Espionagem

Para de estudar o meu tempo
Como eu o divido
Organizo
Me equaciono

Voyerismo escarnicioso
Gozo que proporciono
Coquetel do seu deleite
Vou dormir pois já estou com sono

Preso ao chão das nuvens

Trancado em minha cadeia
Sem grade para segurar
Movem-se os ponteiros
Tento raciocinar

Tensão de tanto hoje
Dia-a-dia de prisão
Nó na garganta, trava na língua
Íngua no coração

Angusticidade

Arar a terra até o árido
Sulco das sementes de calcário
Germinando o trágico fim da espécie
Adornados por cinzas florestas repleta de luzes

Imensas torres de aço
Florescem em geométrica escala
Máquina biológica terrestre magneticamente antenada
Há de sucumbir soterrada pelas densas lavas
Serás expelida como o pus da espinha

Caminho livre as boas tábuas

Produtor de Hipocrisia

Não tenham medo
Do mesmo que aqui está
Saboto o cotidiano
Vejo o tempo passar

Sobre o que posso contar?
Verdades que já deixei
Imagens que vi no espelho
Narcisos que afoguei

Piedade tive da morte
Embebedei-a de cicuta
Dispensei-a da labuta
Com ela não quis ficar

Agora, dono da foice
Mato todos vocês
Rei, Clero e Burguês
Anglo, Hindu e Galês

Sabo, sabor, Sabotagem
Poe, poeta, pinóia
Desterro de toda coragem
Cultura é paranóia

A Partir do Caos

Singramos o tempo em uma busca infindável por um sentido único que defina tudo ao nosso redor. Desde o que está diretamente ao alcance dos nossos olhos ao que apenas vemos com uma intermediária ferramenta: a vasta imensidão do universo e o também infinito mundo de relações subatômicas.

Ao tirarmos conclusões sobre uma determinada questão para assim prosseguirmos em frente, acabamos presos, como uma mosca, em uma teia cotidiana de conceitos entrelaçados da qual não há saída, pois a dúvida a qual tivemos impressão de ter resolvido, se tornará mandatária de um novo plano de viagem intelectual incerto. Seguindo neste ritual imaginamos voar livremente sem grudarmos nos fios de uma aranha que está apenas a espreita de nosso cansaço mental para nos conduzir como seu alimento nessa armadilha ideológica, onde sordidamente fica nos aguardando.

Não há outra coisa a não ser teias nesta caverna chamada vida, e mover-se, necessariamente, é impor suas necessidades biológicas sobre o mundo físico.

Esta busca não passa de uma miragem fantástica que se encerra ao descobrirmos que a fome faz doer no estômago, que um dia morreremos e que mesmo não matando nenhum animal, mataremos uma planta, tão viva quanto nós, para eliminarmos nossa fome.

Inventarmos respostas temporárias para estas dúvidas insolúveis em vista de relaxarmos dessa angústia inesgotável é aceitável, mas transmutá-los em única saída é criarmos um produto ideológico nada inovador para que se imponha aos outros. Este é o ato mais sórdido que se vê por aí em diversas formas alternativas: religiões, leis, manifestações artísticas, partidos políticos, padrões de consumo, etc... Sempre com lucro sobre o desespero alheio.

Admitirmos nossa condição é sermos livre para nos prendermos ao que quisermos, pelo tempo que quisermos, não as custa da inocência dos outros, e sim, mútua prisão voluntária. Não mentir, ou seja, não fabricarmos uma verdade, um sentido, é um bom começo para revermos como conduzimos nossas vidas e iniciarmos as mudanças que tanto queremos ver na prática.

Nada de cosmos. Viva o caos.

Amor Que Fica

Flechas atirei com os olhos
Nem mirei

Ao contato da pele arrepia
Teu dorso assim me dizia
Acertei!

Serei teu santo remédio
Receitado para a cura do tédio
Sem contra-indicação

Doses fartas durante o dia
Por toda nossa vida
Sem precaução

Pós-Natal NeoCristão

Pinhas Tropicais
Chão de Estrelas
Sonhos à Vista
Um Presente Melhor

Especiais na TV
Cascas para Romper
Cromias de Embalar
No Papai Acreditar

Falta Abstrata Coisa
Para a Noite Completar
Devia Ver no Presépio?
Esqueceram de Comprar!

Previsão

Vento que apagará a Tocha
Flecheiro à fisgar a Columba
Daninha que fenera a Rosa
Sou viés de toda rebordosa

Água que afogará o Peixe
Risco não calculado
Desamolador de Machado
Eclipse Solar

Na cochia dos teus planos
Já me fiz por atuar
Irá recordar aos prantos
Quando o novo sol raiar

Não sentiremos falta
De colunas e compassos
Petróleos, remédios e aços
Nem lembrarão de Liz

Seres de duas faces
Para ti também me fiz
Qual sino não bate
Quando a hora condiz

Anna

Anna com dois enes
Para ninguém acertar
Sonhaste a vida inteira
Aonde irias chegar

Mas voltas para o casulo
Em toda ocasião
Que a dúvida inflama
Desejos do teu coração

Quando andar, tremerás a terra
Tamanha obstinação
Gigante em miniatura
Densa em compaixão

O tempo pra ti é lento
Tamanha sagacidade
Angústia, invenção da vida
Para roubar-te a liberdade